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Lucão

Borrife sua arte

Quando comecei a publicar meus textos e a me mostrar um pouco mais, era muito comum as pessoas me responderem com mensagens curiosas, querendo saber para quem eu havia escrito os versos. Muitas também tentavam destrinchar os versos de forma definitiva. E eu gastava algum tempo explicando que os textos nem sempre tinham um endereço ou que os poemas nem sempre precisavam dizer sobre uma coisa só.


Também me incomodava um pouco que as pessoas pensassem coisas muito diferentes sobre os versos, então eu me explicava demais. Em vão. Digo isso para você hoje, para te tranquilizar, para que não pense nisso, não cometa esse erro de tentar explicar seus versos ou dar respostas às questões dos seus leitores. Não é papel de quem escreve fazer isso. A não ser que o texto esteja confuso e precise mesmo de explicações do escritor ou escritora. Mas para isso, há solução, revise-o bem.


Cuide bem do seu texto. Escreva bastante, depois organize as ideias do seu material e, por fim, revise-o para que não fique dúvidas sobre o que você quis escrever. Se for poesia, o mistério é importante, não tente desvendá-lo, mas retire as dubiedades desnecessárias, as questões que você não gostaria que estivessem no poema. Revise-o. Depois disso, “entregue a Deus” e parta para o próximo texto ou poema. Não se maltrate nem se corrija demais se o seu leitor trouxer questões dele mesmo sobre o texto que você produziu. Deixe-o pensando...


Essa dica é muito importante, principalmente, para nós, escritores e escritoras, termos paz e seguirmos escrevendo. Se preocupar demais com o que os outros vão pensar é se preocupar demais com a menor parte de um texto. Um texto, principalmente o literário, deve satisfazer, antes de tudo, a quem o escreve. Se quem o escreve se preocupa mais com o outro do que consigo, naturalmente escreverá textos pensando mais no prazer do leitor do que no seu próprio prazer. E isso é péssimo. Não é assim que se faz literatura.


Então, resumindo essa minha dica, cuide bem do seu texto escrevendo bastante, organizando as ideias e revisando seu material. Depois de entregue, passe adiante. Dialogue com seus leitores de forma aberta, como ouvinte, mas não se importe tanto com as questões íntimas de cada leitor. Isso é a beleza da arte, fazer com que as pessoas pensem, cada um no seu cantinho, na sua intimidade e com a sua própria emoção.


Escreva muito. E depois, com coragem — mas também com leveza — borrife sua arte no mundo. É um desejo que tenho para todos nós.

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