Essa dica é pra você que tem medo de enfrentar os pensamentos alheios: não se preocupe com o que os outros vão pensar sobre o seu texto. Se os outros estão pensando, maravilha! É sinal de que o texto tem algo que provoca o pensamento.
As pessoas costumam ter esse medo, que vira um bloqueio para a escrita, de tentar imaginar o que os outros vão pensar. Mas já digo logo de antemão que não adianta tentar prever o que os outros pensam. Os outros pensam. Pois é isso que nós, homo sapiens, sabemos fazer de melhor, pensar — mesmo que, algumas vezes, mal.
Também não se preocupe consigo enquanto os outros pensam sobre o seu texto. O que os outros vão pensar tem muito mais a ver com eles mesmos do que com o seu texto. Não tente prever o que eles vão fazer. Não mate essa graça da escrita.
“Mas eu tenho medo que as pessoas me julguem”. Pois então não escreva. Se você não quer que as pessoas pensem, a escrita não é para você. Mas também não ande de bicicleta para não dizerem coisas sobre o seu jeito de andar de bicicleta; não passeie no shopping com sua roupa preferida, pois as pessoas vão comentar sobre sua roupa preferida; não penteie seu cabelo do jeito que você gosta; não use perfume. É bem isso que é a escrita, uma manifestação pessoal, íntima, que de alguma forma nos expõe. E é lindo.
Escrever é colocar nossas palavras para desfilar num calçadão. E sempre que passeamos, de alguma forma, as outras pessoas nos veem e comentam. Aprenda a lidar com isso, curta isso, mas não deixe de escrever por isso.
Outra coisa: é comum temer que as pessoas, as que vão nos ler, só pensem coisas ruins sobre nosso texto. Mas a gente se esquece que elas também podem pensar coisas boas, podem se emocionar, podem nos dizer palavras bonitas de volta, podem agir diferente a partir da leitura do nosso texto, podem sentir saudades, amar mais, mudar de cidade, de pensamento e até de atitude. Na verdade, isso é o que mais acontece, não as coisas ruins.
Por fim, a escrita é muito maior do que “O que as pessoas vão pensar sobre o meu texto?”. Também é “O que as pessoas vão fazer a partir do meu texto?”, “O que elas vão comer depois de me ler?”, “Como elas vão amar?”, “Para onde elas vão?”, “Para onde elas voltarão?”, etc etc etc...
Não deixe de escrever por medo do que as pessoas vão pensar. Pelo contrário, escreva. É isso a coisa mais relevante que você pode promover através da sua escrita: fazer as pessoas pensarem. Então faça. E curta.
E continue contando comigo para seguir escrevendo.
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