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Lucão

Dê trabalho aos críticos


É o pedido de ajuda mais comum que recebo: "Como perder o medo de mostrar meus textos?". Se eu tivesse a fórmula ou pó mágico para jogar sobre essas pessoas que sentem insegurança, eu jogaria, para descobrir as preciosidades que elas estão escrevendo.

O que eu posso dizer sobre isso, com a minha experiência na escrita e a minha observância dos outros escritores, é que é um medo menor do que o prazer que você vai viver ao compartilhar seu texto.


Não me lembro de ter vivido algo ruim por ter publicado meus textos. Talvez porque eu facilmente ignoro as coisas que não valem minha atenção, mas com certeza porque elas acontecem menos do que a gente imagina.

Algumas coisinhas bobas, sim, elas vão acontecer. Já me plagiaram algumas vezes, mas eu também já fiz acordos com empresas que usaram meus textos sem negociação e, no fim, trabalhamos parcerias rentáveis com meu trabalho artístico. Já fui acusado de plágio também, mas com um pouco de segurança em mim mesmo e nos meus processos criativos, pude provar que o ovo da minha galinha veio primeiro.

Essas bobeirinhas podem acontecer vez ou outra, mas não são o que mais acontece. O que mais acontece quando dividimos nossos textos, quando jogamos eles para o mundo, é que as pessoas nos leem e se comovem com eles. Não digo só de se emocionar e chorar, mas de se moverem, se sentirem provocadas, quererem discutir o assunto ou partilhar outras histórias. Essa experiência é muito maior, ou precisa ser, do que o medo de não publicar.


É publicando que se vive a segunda grande experiência da escrita: as trocas. (A primeira é a própria escrita. Escrever cotidianamente é um prazer que todos deveriam se dar).

Eu poderia fazer uma lista de centenas de coisas bacanas que acontecem comigo ao expor os meus textos. Mas a mais importante foi receber um convite para publicar o meu primeiro livro, em 2014. Foi por e-mail, no meu do meu trabalho cansativo de publicitário. Nunca tinha pensado em publicar livros, mas por ter publicado meus textos em sites e nas redes sociais, fui "descoberto" e recebi o convite.

Daí para frente é a história que ainda estou vivendo. Me tornei escritor da literatura, descobri um outro universo possível, o da minha atual profissão, de escritor literário. Se eu não tivesse publicado, não teria me tornado artista profissional.

Outra coisa que posso dizer para você que tem esse medo é para não se preocupar tanto com o tempo. Minha dica é, se você tem medo, vá devagar. Publique um texto. Experimente, veja o que acontece, sinta-se segura(o) e publique o segundo. Vá fazendo isso aos poucos, como quem entra numa piscina devagar, e depois acaba descobrindo que a água está gostosa. Se banhe nesse universo aquático saboroso da escrita prazerosa.

Por fim, uma última dica: dê trabalho aos críticos. Se você tem medo de ser criticada(o), escreva muito. Assim vai ocupar as pessoas que você tem medo de ouvir, enquanto faz o que um escritor(a) mais precisa fazer para escrever bem: escrever muito.


Coragem!

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