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Lucão

Garoa

É muito fácil falar do amor que a gente não ama, que a gente não tem. De um amor distante, como as nuvens, como se a gente não soubesse que dentro das nuvens estão as chuvas que refrescam e as tempestades que devastam. É muito fácil falar do amor que a gente não ama, que a gente não tem. Que a gente só quer chamar de amor, mas pra chamar de dor eu chamo quem? Eu quero um amor para, quando chover, me deitar na rua, ser levado pela enxurrada, escorrer por outras ruas, provocar acidentes, ser tragado pelo esgoto. Eu também quero um amor para, quando chover, eu cair tempestade num campo sem flor e ver florescer o amor em tudo. É muito fácil falar do amor que a gente não ama, que a gente não tem. Eu quero o amor que chove num dia e evapora no outro. Eu quero viver mil amores para, um dia, depois de quase morrer nas tempestades eu possa viver de um amor chuvinha.

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