É um dos medos mais comuns de quem está começando a escrever (e também de quem já está tentando há um tempo, mas não consegue sair do lugar), de querer que seu texto se pareça com "bons textos". Normal.
Quando comecei na escrita, me inspirava muito nos autores e autoras que admirava. Era seguro escrever parecido a eles. Mas acontece que, ao mesmo tempo em que pode ser bom, pode ser ruim. E fazer isso por muito tempo é o "pode ser ruim" da história. Porque dois textos parecidos não têm graça alguma. A graça de um texto está na potência de aquele texto ser único. Os textos que mais gosto de ler são aqueles que, quando termino, me dão a sensação de que só aquele autor ou autora poderia ter escrito. Um texto único, com características, histórias e palavras próprias...
Então, uma dica que posso compartilhar sem medo de estar errado é: o quanto antes você conseguir assumir suas histórias, suas perspectivas, seus gostos, seu jeito de escrever, melhor. Assuma suas diferenças no texto.
Reparem! Um texto com características próprias, com elementos que são específicos de quem o escreve, um texto com "sotaque" é muito mais gostoso de se ler do que um texto qualquer que se pareça mais com outros do que com o próprio texto. Sem personalidade, a escrita enfraquece.
Falamos disso no curso de crônicas em outubro, falei disso no curso de Versos que terminou ontem e falarei em qualquer curso de escrita, sobre qualquer gênero. Assumir nossas diferenças no texto é bom até num e-mail enviado para a equipe do escritório.
Mas eu sei que não é fácil desenvolver essa personalidade no texto. Por isso, sempre que falo da escrita, digo: escreva muito. Pois só escrevendo muito conseguiremos perceber nossas características. Muita gente diz que tem muitas ideias e que, inclusive, que quer escrever um livro com elas. Quando pergunto "Cadê?", ela diz que está no pensamento. Um péssimo lugar para se guardar ideias. Ideias se guardam nos papéis, nos blocos de nota, no word, não na cabeça. Principalmente por que quando as ideias vão para o papel, normalmente viram outras ideias, se modificam, se adaptam ao texto. Escrever é fundamental para que possamos nos ver na escrita. É depois de escrever que dizemos que temos ideias... No pensamento, são nuvens de ideias.
E é depois de escrever que conseguimos ver nossas características próprias, que vão formas nossas diferenças.
Então, escreva muito para se ver no texto e conseguir, assim, perceber suas características na escrita, suas diferenças. São elas, mais do que as semelhanças, que vão te fazer feliz escrevendo e contando histórias. Assuma sua posição de escritor(a).
E sempre sempre sempre prefira mais as palavras concretas do que as abstratas. Escreva sobre o que você vê. Evite o fumacê de palavras...
Mãos à obra! Mãos ao livro!
Comments