O lugar onde aprendi a pescar não tinha rio, nem mar. Varas e iscas, fazíamos com as mãos na cabeça e os olhos marejados. No lugar que aprendi a pescar, os peixes que a gente pegava não davam pra gente comer, mas matavam um pouco da fome e da sede. Era coisa da nossa cabeça pescar o peixe só pra depois soltar o peixe, deixar o bicho sumir nas águas escuras do rio, do mar ou desse lugar que aprendi a pescar. O lugar não era uma praia igual essas praias de pescadores. Era uma praia de pescar outras coisas. De pescar dias… de pescar dores. E não tinha nem nome o lugar que aprendi a pescar. Até que o povo que visitava a prainha há anos, a mesma prainha que eu aprendi a pescar, começou a chamar o lugar de saudade.
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